
Seguindo o ensino espírita, sistematizado por Allan Kardec, O Livro dos Espíritos contém a Doutrina Espírita e, portanto, é obra de especialidade espírita: de Filosofia Espírita em particular e de Filosofia Espiritualista em geral.
A Ética Espírita ou a Ética Segundo o Espiritismo funda-se na Ética da Filosofia Espírita, contida em O Livro dos Espíritos e não na tradição da Ética Filosófica nem nas Éticas Teológicas do mundo.
Ética Espírita é uma rede de postulados gerais e não prescritivos, não fundamentalistas mas fundamentais, capaz de ser instrumento para análise e crítica das Éticas Filosóficas e das Teológicas existentes.
Teoricamente, a Ética Espírita norteia a composição da Moral Espírita –uma moral que não segue pari passu as morais historicamente determinadas. E isto porque a Moral Espírita funda-se nos ensinos de Jesus de Nazaré, cognominado o Cristo de Deus; é uma moral cristã exposta na obra de Allan Kardec intitulada O Evangelho Segundo o Espiritismo. Nesse sentido, o sintagma mais adequado será Moralidade Espírita.
A Ética Espírita e a Moralidade Espírita rejeitam os malabarismos das doutrinas humanas ocultantes ou distorcivas da Ética e da Moralidade cristãs; costumeiramente, tais malabarismos criam e promovem modos de manter a ignorância, de premiar os orgulhosos e proteger as personalidades hipócritas, conforme se pode ser em O Evangelho Segundo o Espiritismo: o objetivo da Ética e da Moralidade Espíritas é instrumentalizar a pessoa humana para que possa julgar e apreciar, com a razão iluminada pela fé, o mundo dos espíritos e o mundo humano, fundados na Lei de Deus. Essa clareza sem equívocos do Ensino Espírita não exime o estudo, o julgamento e a apreciação das doutrinas éticas humanas uma vez todas as almas (espíritos encarnados) são responsáveis pelo desenvolvimento (diferenciação e aperfeiçoamento) da condição e da situação de vida na Terra.
A intelectualidade do mundo tem dois modos de divisão da Ética enquanto microcampo filosófico: Ética Fundamental e Ética Prática ou Aplicada.
A Ética Fundamental se divide em Éticas Teleológicas (fundadas no princípio do fim último) e Éticas Deontológicas (fundadas no princípio do dever); na Ética Aplicada estão as áreas ou microáreas da Ecoética, Bioética, Ética Econômica, Éticas Profissionais.
Outro modo didático de divisão, diferente da Ética Fundamental e da Ética Aplicada estabelece os microcampos epistêmicos: da Metaética ou reflexão filosófica sobre os fundamentos da Ética; da Ética Normativa estabelecedora de critério ou critérios distintivos do bom, mau, correto, incorreto; e da Ética Aplicada.
Dentro de qualquer uma das divisões para estudo das concepções filosóficas de Ética, existem inúmeros sistemas éticos particulares, decorrentes da concepção de mundo dos seus criadores e servindo cada um deles de modelos ou paradigmas para o mundo, em momentos históricos variáveis.
A Ética Espírita poderá ser incluída no campo da Ética Fundamental e, dentro deste, no microcampo das Éticas Teleológicas; mais particularmente, também poderá integrar-se ao campo das Éticas Teológicas. Ou, de outro modo, constituir-se em campo independente qual a Ética Cristã não confundível com a Ética Católica nem com a Ética Protestante.
2 comentários:
Carlos, gostei muito de teus textos serviram para minha reflexão já que fui criada dentro de uma familia Kardecista.
abraço
Isiara
Nazareno Tourinho possui um livro, do século passado, cujo título é A ÉTICA ESPÍRITA SEM MISTICISMO. Como se vê, a ideia, o conceito e a associação já foram feitas antes...
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