quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

ÉTICA SEGUNDO O ESPIRITISMO

Pela expressão “Ética segundo o Espiritismo” compreende-se ética de acordo com a Doutrina Espírita expressa em “O Livro dos Espíritos” de Allan Kardec –pseudônimo do professor, pesquisador e discípulo de Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827),Hippolyte Léon Denizard Rivail (1804-1869).

Seguindo o ensino espírita, sistematizado por Allan Kardec, O Livro dos Espíritos contém a Doutrina Espírita e, portanto, é obra de especialidade espírita: de Filosofia Espírita em particular e de Filosofia Espiritualista em geral.


A Ética Espírita ou a Ética Segundo o Espiritismo funda-se na Ética da Filosofia Espírita, contida em O Livro dos Espíritos e não na tradição da Ética Filosófica nem nas Éticas Teológicas do mundo.


Ética Espírita é uma rede de postulados gerais e não prescritivos, não fundamentalistas mas fundamentais, capaz de ser instrumento para análise e crítica das Éticas Filosóficas e das Teológicas existentes.
Teoricamente, a Ética Espírita norteia a composição da Moral Espírita –uma moral que não segue pari passu as morais historicamente determinadas. E isto porque a Moral Espírita funda-se nos ensinos de Jesus de Nazaré, cognominado o Cristo de Deus; é uma moral cristã exposta na obra de Allan Kardec intitulada O Evangelho Segundo o Espiritismo. Nesse sentido, o sintagma mais adequado será Moralidade Espírita.


A Ética Espírita e a Moralidade Espírita rejeitam os malabarismos das doutrinas humanas ocultantes ou distorcivas da Ética e da Moralidade cristãs; costumeiramente, tais malabarismos criam e promovem modos de manter a ignorância, de premiar os orgulhosos e proteger as personalidades hipócritas, conforme se pode ser em O Evangelho Segundo o Espiritismo: o objetivo da Ética e da Moralidade Espíritas é instrumentalizar a pessoa humana para que possa julgar e apreciar, com a razão iluminada pela fé, o mundo dos espíritos e o mundo humano, fundados na Lei de Deus. Essa clareza sem equívocos do Ensino Espírita não exime o estudo, o julgamento e a apreciação das doutrinas éticas humanas uma vez todas as almas (espíritos encarnados) são responsáveis pelo desenvolvimento (diferenciação e aperfeiçoamento) da condição e da situação de vida na Terra.

A intelectualidade do mundo tem dois modos de divisão da Ética enquanto microcampo filosófico: Ética Fundamental e Ética Prática ou Aplicada.


A Ética Fundamental se divide em Éticas Teleológicas (fundadas no princípio do fim último) e Éticas Deontológicas (fundadas no princípio do dever); na Ética Aplicada estão as áreas ou microáreas da Ecoética, Bioética, Ética Econômica, Éticas Profissionais.


Outro modo didático de divisão, diferente da Ética Fundamental e da Ética Aplicada estabelece os microcampos epistêmicos: da Metaética ou reflexão filosófica sobre os fundamentos da Ética; da Ética Normativa estabelecedora de critério ou critérios distintivos do bom, mau, correto, incorreto; e da Ética Aplicada.


Dentro de qualquer uma das divisões para estudo das concepções filosóficas de Ética, existem inúmeros sistemas éticos particulares, decorrentes da concepção de mundo dos seus criadores e servindo cada um deles de modelos ou paradigmas para o mundo, em momentos históricos variáveis.


A Ética Espírita poderá ser incluída no campo da Ética Fundamental e, dentro deste, no microcampo das Éticas Teleológicas; mais particularmente, também poderá integrar-se ao campo das Éticas Teológicas. Ou, de outro modo, constituir-se em campo independente qual a Ética Cristã não confundível com a Ética Católica nem com a Ética Protestante.

2 comentários:

Isi Caruso disse...

Carlos, gostei muito de teus textos serviram para minha reflexão já que fui criada dentro de uma familia Kardecista.
abraço
Isiara

Pedro Camilo disse...

Nazareno Tourinho possui um livro, do século passado, cujo título é A ÉTICA ESPÍRITA SEM MISTICISMO. Como se vê, a ideia, o conceito e a associação já foram feitas antes...