quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

1 - ÉTICA ESPÍRITA COM RELAÇÃO A DEUS


POSTULADO 1: Deus é causa primária de todas as coisas.
Uma das possíveis conseqüências morais do postulado ético um: se Deus é suprema inteligência, causa primária de tudo, as teorias e as práticas humanas de dominação do mundo histórico e do mundo natural constituem equívocos civilizatórios.

A ação humana na terra é de desenvolvimento (diferenciação e aperfeiçoamento) para a perfeição moral e não de dominação do mundo.
A lei de desenvolvimento é ação de cuidado com toda a criação de Deus.
A diferenciação promovida pelo desenvolvimento significa renovação, restauração, reajustamento, refazimento, transformação, discernimento; o aperfeiçoamento pelo desenvolvimento significa aprimoramento, ascensão, evolução.


A formação e a transformação do mundo histórico, a relação desse mundo histórico-humano-social com o mundo natural, têm por fundamento o CUIDADO pelo qual os reinos da natureza (mineral, animal, vegetal, humano) se desenvolvem, ou seja, se diferenciam e se aperfeiçoam, segundo as leis imutáveis da Inteligência Suprema.


O direito convencional humano, imperfeito e mutável, justifica e legitima princípios de dominação e de propriedade; mas são princípios imperfeitos, convencionais e que deverão ser modificados para traduzirem o princípio divino de cuidado.
*
Alguns dos atributos de Deus, enumerados por Allan Kardec, têm conseqüências transformadoras do que pode ser nomeado de moral espírita, sobretudo se se considerar a convocação de Jesus para que homens e mulheres sejam perfeitos como perfeito é Deus : eternidade, imutabilidade, imaterialidade, unicidade, onipotência, justiça e bondade soberanas.
Por ser eterno, o plano universal incluindo-se o humano desconhece a convenção de tempo conhecida por passado, presente e futuro.
Por ser imutável, não se transforma segundo vontades, desejos e temores humanos.
Por ser único também é onipotente.
A soberana justiça e bondade são conseqüentes à sabedoria divina que jamais se equivoca ou falha através de suas leis imutáveis.


POSTULADO 2: Tudo o que não é obra do homem e da mulher é obra de Deus.
O mundo histórico, social e humano é obra do homem e da mulher em seu processo de formação e de transformação para a completude da obra divina; o mundo sem a humanidade é obra de Deus.
Mas o princípio inteligente do qual se formou a humanidade também é obra de Deus. O princípio de dominação segundo o qual a ação humana constrói-destrói-reconstrói o mundo histórico-social contraria o princípio de cuidado para com a obra divina, da qual fazemos parte como princípios inteligentes em desenvolvimento.


POSTULADO 3: A inteligência suprema da obra divina se revela nas combinações e desígnios imanentes às leis reguladoras do Universo.

Na obra humana, conquanto hajam combinações e desígnios inteligentes capazes de produzir coisas e instrumentos magníficos, tais coisas e instrumentos são sempre fruto de uma inteligência manipulatória; estão quase infinitamente distantes da razão divina e deverão se conformar às leis imutáveis da obra divina.


POSTULADO 4: O sentido humano para compreender Deus é um sentido divino que falta à pessoa humana.

Todas as formulações dos sentidos humanos em torno de Deus são meros equívocos de aproximação quase impossível; por isso, a Bíblia ensina que a razão divina é loucura para o mundo.
Quando a pessoa humana tornar-se pessoa divina verá e compreenderá Deus.
À razão humana basta saber que Deus existe, abandonando todos os sistemas culturais supostamente explicativos ou compreensivos da divindade.


POSTULADO 5: Do ponto de vista humano, a perfeição divina está traduzida em sua eternidade, infinitude, imutabilidade, unicidade, onipotência, justiça e bondade soberanas.

A eternidade significa sem começo e sem fim; a infinitude traduz a incapacidade humana de compreender Deus; a imutabilidade significa que Deus não se altera nem altera suas Leis segundo a vontade humana; a unicidade significa não haver quaisquer outras potências no Universo a não ser Deus; a justiça e a bondade soberanas são conseqüentes à sabedoria divina, inacessível às concepções humanas de justiça e bondade.
Nem Jesus de Nazaré permitiu que nele os apóstolos vissem a qualidade da bondade: ninguém é bom senão Deus, registra o evangelista Marcos (10:18).
Ao homem e à mulher cabem estudar a si mesmos e não a Deus pois que Ele é impenetrável.

Nenhum comentário: