segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

10 - CÓDIGO DA ÉTICA DIVINA


POSTULADOS GERAIS
POSTULADO 25: A lei natural da vida ou Código da Ética Divina é imutável, eterno e perfeito.
POSTULADO 26: A infelicidade humana é conseqüente ao afastamento do homem e da mulher do Código da Ética Divina.
POSTULADO 27: As leis humanas são imperfeitas e devem historicamente ser modificadas segundo o Código da Ética Divina.
POSTULADO 28: A harmonia do universo material e do universo moral está fundada na eternidade e na imutabilidade da Lei Divina.
POSTULADO 29: Deus é o autor de tudo; portanto, todas as leis da natureza, incluindo-se nelas as leis da matéria, são leis divinas. O papel dos estudos e das pesquisas humanas é o conhecer, compreender e cumprir as Leis da Natureza.
POSTULADO 30: O conhecimento das leis divinas nem sempre significa a sua compreensão: um dia, ao longo de várias reencarnações, toda a humanidade conhecerá e compreenderá o Código de Ética Divina. A compreensão da Lei Divina está condicionada ao grau de adiantamento do espírito.
POSTULADO 31: O Código de Ética Divina está inscrito no espírito. A infelicidade humana decorre do esquecimento e do desprezo da alma humana pelas leis divinas.
POSTULADO 32: A Lei Divina, além de inscrita na consciência humana, também pode ser revelada através de Espíritos Superiores encarnados em missão na terra.
POSTULADO 33: As palavras e as atitudes são o testemunho do verdadeiro profeta através do qual Deus revela Sua Lei.
POSTULADO 34: Jesus é o mais perfeito guia e modelo de perfeição moral oferecido por Deus à humanidade. Antes e depois de Jesus vários outros Espíritos
Superiores encarnaram e revelaram o Código da Ética Divina; Jesus, porém, é o guia e modelo mais perfeito que viveu na terra.
POSTULADO 35: As leis divinas estão escritas no livro da natureza. A arrogância humana de conquistar e dominar a natureza é a pretensão aberrante de conquistar e dominar Deus.
A criatura humana será sempre criatura, co-criadora responsável pelo cuidado ou não cuidado com o uso que faz da matéria divina para co-criações em plano maior ou em plano menor.
POSTULADO 36: Porque as leis divinas são apropriadas à natureza de cada mundo do Universo e adequadas ao progresso de quem habita tais mundos, as mesmas precisam ser continuamente explicitadas e desenvolvidas através do ensino dos Espíritos Superiores que, de tempos em tempos, reencarnam na terra para fazê-la progredir, junto aos homens e às mulheres que a habitam.
POSTULADO 37: Os objetos de estudo dos sistemas filosóficos, das religiões e das tradições da terra, iluminados pelo Espiritismo, contribuem para a instrução humana sobre o Código da Ética Divina.
POSTULADO 38: Moral é código de comportamento que deve fundar-se na observância da Lei Divina. Conquanto historicamente determinada, os Códigos Morais Humanos devem ter por referência a Lei Divina e serem modificados quando se afastam ou contradigam o Código da Ética Divina.
POSTULADO 39: Bem é tudo o que está de acordo com a Lei Divina; mal é tudo o que dela se afasta ou a contraria. Este postulado é superior ao princípio e a tradição da ética humanista segundo a qual bem e virtude são tudo aquilo que afirma a vida e o desenvolvimento das capacidades do homem e da mulher.
Falta à ética humanista a consciência de que a afirmação da vida é a afirmação da Lei Divina que deverá estar refletida nas Leis Humanas e de que o desenvolvimento das capacidades humanas tem por teleologia ou fim último o conhecimento, a compreensão e o cumprimento da Lei Divina.
A natureza do homem e da mulher é divina; portanto, a criação de normas e de valores humanos (a Moral) tem por fundamento o conhecimento de Deus ou o conhecimento da Lei Divina para dirigir o comportamento humano e não o conhecimento do homem e da mulher.
POSTULADO 40: A apreciação humana do que é bem ou mal está na orientação de Jesus para que façamos aos outros o que queremos que os outros nos façam. Se usássemos o conceito de Immanuel Kant de Imperativo Categórico, o princípio supremo ou a priori da moral e da moralidade, segundo o Espiritismo, é fazer aos outros o que se quer que os outros façam consigo (Mateus, 7:12).
POSTULADO 41: O limite das necessidades humanas está determinado pela Lei Divina. A ultrapassagem desse limite gera a maior parte dos sofrimentos e males humanos.
O corpo é meio e instrumento para desenvolver o Espírito nele encarnado: forma-se com a mesma matéria divina em suas infinitas transformações para garantir o aperfeiçoamento da vida universal. As necessidades desse corpo condicionam-se ao Plano Divino para o aperfeiçoamento da vida.
As necessidades fictícias e geradas pela economia de mercado aprisiona homens e mulheres ao consumo de ilusões, condenando-os ao trabalho inútil para terem recursos financeiros destinados à compra daquelas ilusões.: tudo isto é contrário ao Código da Ética Divina uma vez que tanto retarda o desenvolvimento da alma humana quanto compromete ou destrói outras espécies de vida, além de corromper ou destruir os recursos naturais da vida pertencentes a Deus e, portanto, disponíveis para todas as criaturas.

A legitimação humana dos princípios de extrativismo, de expropriação e de expatriação de recursos humanos, do solo, da fauna e da flora para a formação de riquezas concentradas, criação de produtos inúteis para consumo humano e subjugação das forças físicas à lei da oferta e da procura daquelas inutilidades é contravenção ao Código da Ética Divina.
POSTULADO 42: O espírito se encarna no corpo de um homem e de uma mulher para progredir no conhecimento do bem e do mal, escolhendo o caminho a ser seguido.
A opção pelo mal retarda o adiantamento do Espírito, tornando mais longa a sua peregrinação pelo sofrimento: se o mal é fecundação passageira da ignorância humana diante da Lei de Deus, homens e mulheres sofrem por falta de conhecimento e de entendimento, conforme esclarece o profeta Isaías (5:13)
POSTULADO 43: As necessidades fictícias e convencionais, inventadas de acordo com as diferentes posições sociais, devem ser distinguidas das necessidades reais, de acordo com a Lei de Deus e com as exigências de adiantamento dos homens e das mulheres.
POSTULADO 44: A diferença entre o bem e o mal está no grau de responsabilidade daquele que pratica um ou outro. O mal depende da vontade humana para ser praticado; a consciência do bem agrava a responsabilidade humana sobre o mal praticado.
POSTULADO 45: O mal é necessário por causa da imperfeição humana mas é sempre mal.
A compreensão do bem e do mal agrava a culpa do homem e da mulher quando praticam o mal.
A Lei Divina responsabiliza o homem e a mulher tanto pelo mal que praticaram quanto pelos males resultantes daquela prática.
POSTULADO 46: Quem não pratica o mal mas se aproveita do mal praticado pelos outros é tão culpado quanto se o houvera praticado.
POSTULADO 47: O bem deve ser praticado até o máximo limite das forças humanas; insuficente é, pois, não praticar o mal. Todo o mal resultante do bem que uma pessoa deixou de praticar é de responsabilidade da mesma.
POSTULADO 48: A resistência ao mal, mesmo com a vontade e a oportunidade de fazê-lo, constitui avanço moral.
POSTULADO 49: Os vícios e os crimes, conquanto arrastem para o mal o homem ou a mulher viciados e criminosos, jamais são irresistíveis e a força moral de resistência da pessoa ao mal trará méritos morais.
POSTULADO 50: Quanto maior for a dificuldade encontrada pela pessoa para praticar o bem maior será o seu merecimento pelo bem praticado.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

6-7-8-9: IDÉIAS INATAS, TEMPORALIDADE, AUTORIDADE, INFÃNCIA


6 - ÉTICA DAS IDÉIAS E CONQUISTAS INATAS
POSTULADO 21: As idéias inatas são a intuição e a reminiscência dos conhecimentos adquiridos pela alma em existências anteriores.
O ponto de partida de uma criança na vida presente não é a concepção mas o ponto em que estava na existência anterior.
As faculdades extraordinárias ou excepcionais de determinadas pessoas, as aptidões e vocações independentes da educação e às vezes manifestas em tenra idade, são conseqüentes ao desenvolvimento e às preferências da alma em existências precedentes.

7 - ÉTICA DA TEMPORALIDADE
POSTULADO 22: Existe apenas eternidade.
Passado, presente e futuro são um eterno presente quando deles nos ocupamos.
Somos espíritos eternos, em trânsito pela vida corporal e pela vida espiritual, sempre históricas porque compõem a história de desenvolvimento do espírito.

8 - ÉTICA DA AUTORIDADE
POSTULADO 23: A única autoridade estabelecida pelas leis divinas é a autoridade moral.
As posições sociais, as diferenças étnicas e raciais, os títulos convencionais do mundo histórico-sócio-humano não estabelecem nenhum tipo direito e autoridade de uns sobre os outros.
A supremacia de uns sobre os outros é sempre moral e por mérito – e é irresistível.
A essa supremacia Allan Kardec denomina de aristocracia intelecto-moral.
[1]

9 - ÉTICA DA INFÂNCIA
POSTULADO 24: A criança é um espírito encarnado; nada tem de ingênua ou inocência além da aparência e incapacidade dos órgãos do corpo ainda não desenvolvidos para manifestar o que é realmente aquele espírito.
Durante o período da infância, a alma (espírito encarnado) é mais flexível às influências dos que a rodeiam; daí, a tarefa educativa dos pais ser facilitada pela maior acessibilidade da criança à educação que se lhe dê e, também, o peso da responsabilidade paterna e materna.
Apenas aparentemente e como estratégia educativa para a vida existe uma Psicologia Infantil; o que existe é a Psicologia do Espírito, presentemente encarnado e maleável às novas influências do meio em que nasceu e daquelas que lhe formam o grupo familiar.
A infância é um período de reassenhoramento das faculdades do espírito a serem plenamente manifestadas pelo crescimento e desenvolvimento dos órgãos do corpo: as supostas transformações comportamentais ligadas aos supostos estágios de desenvolvimento dos estudiosos são apenas a manifestação do que é e de como é realmente aquele espírito encarnado junto àqueles com quem forma os grupos de afinidade, antipatia ou indiferença.
O que acontece geralmente é a irresponsabilidade educativa dos pais perante os filhos até a chamada puberdade e adolescência, uma fase na qual a alma (ou espírito encarnado) se apresenta com todos os seus vícios ou virtudes trazidos de outras encarnações e que não recebeu durante a infância novos fundamentos educativos. Daí, a origem dos chamados problemas da adolescência: são os problemas do Espírito de posse quase plena do instrumento corpóreo que o possibilita manifestar o que realmente é.
Se os pais não reeducaram a alma de seus filhos no período permeável da infância surgem os problemas na adolescência; na verdade, problemas anteriores à atual encarnação.

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[1] KARDEC A. Obras Póstumas. Brasília: FEB.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

3-4-5- ÉTICA ESPÍRITA: FILHOS, ETNIAS, ESTÉTICA


3 - ÉTICA DA EDUCAÇÃO DOS FILHOS

POSTULADO 18: Os pais são responsáveis diretos pelo desenvolvimento e melhoramento dos filhos através da educação; serão culpados se falirem nessa tarefa educativa.
Os maus filhos constituem prova para os pais pois que simpatias e antipatias compõem o universo familiar; isso não é justificativa para que os pais transfiram suas responsabilidades educacionais para as escolas e para a sociedade em geral, aonde psicólogos, pedagogos, psicopedagogos ou quaisquer outros profissionais habilitados assumiriam as funções reservadas aos genitores.

4 - ÉTICA DA COMPOSIÇÃO DAS ETNIAS E DAS RELAÇÕES ÉTNICAS

POSTULADO 19: Povos e etnias são agrupamentos de espíritos simpáticos ou afins uns aos outros; é uma realidade espiritual a distinção étnica entre os povos, segundo o estágio evolutivo dos grupos que se unem em etnias.
As relações interétnicas, do ponto de vista reencarnatório, devem ser instrumento para as etnias se entreajudarem para o desenvolvimento de todos os povos: a escravidão, a exploração e o domínio de um povo sobre o outro são desrespeitos às leis divinas, puníveis pela reencarnação.


5 - ÉTICA DA ESTÉTICA

POSTULADO 20: A beleza do corpo e a perfeição de suas formas não tem relação direta ou essencial com o grau de evolução do espírito que nele habita.
Espíritos imperfeitos encarnam em corpos perfeitos tanto quanto espíritos perfeitos encarnam em corpos disformes: a beleza do corpo não expressa necessariamente a condição da alma.
A Estética tem fundamento moral: há rostos belíssimos com espíritos imperfeitos, geradores de antipatias; há rostos feios com espíritos bons e até perfeitos.
Leon Denis, discípulo e continuador de Allan Kardec, afirma ser a lei de desenvolvimento (também chamada de lei do progresso ou de evolução) uma lei por excelência de estética: Estética Divina para toda a Sua obra criada.
[1]
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[1] DENIS H. O Problema do ser, do destino e da dor. 29ª ed. Brasília:FEB. 2006

2 - ÉTICA ESPÍRITA PARA OS LIMITES HUMANOS

(Foto:Chico Xavier na juventude)
POSTULADO 6: Existe limite divino para a curiosidade da pesquisa humana sobre o princípio das coisas.
Por maiores sejam as conquistas científicas no conhecimento do universo, faltam aos seres humanos sentidos para conhecer e compreender o mistério das coisas.
Os conhecimentos científicos são permitidos por Deus para que sirvam ao desenvolvimento humano; nenhum limite divino será ultrapassado pela curiosidade ou pela tecnologia humana.
A revelação é um ato da vontade divina, segundo a qual pode ser permitido o desocultamento de algum véu que auxilia no conhecimento e na compreensão do passado e do futuro humanos; mas, por ser ato da vontade divina, nenhuma pessoa humana tem o poder ou controle sobre as revelações permitidas por Deus.

POSTULADO 7: A intelectualização da matéria só é possível pela união entre ela e o Espírito, mediada pelo fluido cósmico universal ou força nervosa do Criador.
A matéria é o princípio material e o espírito é o princípio inteligente do Universo – uma e outro criados por Deus.
O princípio do cuidado nasce quando o espírito, mergulhado no fluido universal ou força nervosa do Criador, atua com e sobre a matéria, utilizando-a como agente, intermediário, auxiliar.
Pode-se dizer que o universo tem quatro princípios:
Princípio Primeiro: Deus, criador e pai de todas as coisas.
Princípio segundo: o Espírito ou princípio inteligente.
Princípio terceiro: a matéria ou fluido cósmico universal do qual são criadas e co-criadas todas as coisas.
Princípio quarto: o cuidado, seja a ação de Deus para com a sua obra criada seja o que deve aprender a pessoa humana em sua relação com a obra divina.
A mediação entre Deus e a Sua obra, entre o Espírito e a matéria é a própria energia divina ou força nervosa do Criador que alimenta tudo o que existe.

POSTULADO 8: Cuidado é o princípio de eternização da vontade divina.
O princípio de cuidado está em que o Espírito usa da força nervosa de Deus ou fluido cósmico universal para co-criar, responsabilizando-se ad infinitum pelas obras realizadas, sempre temporárias porque somente Deus usa a sua força nervosa materializada no fluido cósmico universal para criar por toda a eternidade.

POSTULADO 9: Unicidade é fundamento de todas as coisas conhecidas e percebidas pelo homem e pela mulher.
Generalidade ou particularidade são distorções dos limites perceptivos humanos diante da unicidade imanente a tudo o que existe.
Uno é qualidade imanente de Deus e tudo quanto cria: Deus é indivisível, não é particular nem geral.
O maior limite da inteligência humana está em não conseguir compreender a unidade e a unicidade imanente a tudo no universo: não existe simples, complexo, único e diverso. Tudo é Uno.

POSTULADO 10: Tudo no universo está ocupado pelo fluido cósmico universal ou força nervosa de Deus.
Não existe vácuo, vazio no universo: conforme anteviu o apóstolo Paulo, em Deus nos movemos e existimos.
O espírito criado co-cria utilizando-se do fluido cósmico universal e é responsável pelas edificações que faz: novamente subjaz o princípio de cuidado do homem e da
mulher para com o uso que fazem da matéria divina para as co-criações humanas.

POSTULADO 11: O princípio vital que animaliza os corpos orgânicos, incluindo-se o corpo humano, é uma das modificações do fluido cósmico universal ou matéria universal primitiva.
Segundo as espécies, há modificação na quantidade esgotável desse princípio vital cuja fonte é a matéria universal primitiva: esse princípio vital é o que chamamos vida quando ligado ao corpo. Qualidades da vida ou do princípio vital ligado ao corpo são: vitalidade, movimento, atividade.
Cessada a atividade e o movimento produzidos no corpo animalizado pelo princípio vital que une princípio inteligente e princípio material para intelectualizar a matéria orgânica ocorre o processo de morrer, figuradamente estudado no conceito de morte.
Nas espécies vegetais e animais não humanos existe vida orgânica animalizada; na espécie animal humana existe vida orgânica intelectualizada.

POSTULADO 12: A inteligência humana é uma faculdade própria de cada pessoa, constituindo sua individualidade moral.
Inteligência, raciocínio, moralidade (juízo moral) constituem o que denominamos intelectualidade; inteligência sem raciocínio e sem moralidade é instinto.
Instinto varia segundo as espécies e às necessidades inerentes a cada uma delas.
Atos instintivos e atos inteligentes são reconhecidos pela presença ou ausência de moralidade e raciocínio.

POSTULADO 13: O materialismo, sob quaisquer aspectos e teorias com os quais se apresente, é uma aberração da inteligência humana.

POSTULADO 14: A alma é espírito encarnado; após a morte é espírito.
Além das conquistas morais e das lembranças afetivas que deixa aos que ficaram, o espírito não leva nada do mundo histórico, terreno ou corpóreo que deixa pela fatalidade da morte.
Por mais necessárias sejam as coisas do mundo histórico, perante o mundo espiritual são futilidades; o esforço da alma deve ser o de utilizar todas as suas energias para desenvolver-se pois que era espírito antes de encarnar-se e tornará a sê-lo após a morte do corpo.

POSTULADO 15: A reencarnação é a lei operacionalizadora da justiça, da bondade e da misericórdia divinas.
O postulado ético da reencarnação introduz a obrigatoriedade de uma nova forma de organização da sociedade humana na terra, alterando os modos de relação da pessoa consigo mesma, com os outros, com o mundo as coisas.
O melhoramento progressivo (sem possibilidade de retrogradamento) da humanidade pela reencarnação se dá segundo o adiantamento intelecto-moral das pessoas e não modos de produção econômica ou por revoluções tecnológicas.

POSTULADO 16: As paixões humanas são sinais de desenvolvimento da consciência da individualidade humana e não de perfeição.
Se desenvolvimento é sinônimo de diferenciação e de aperfeiçoamento, as paixões diferenciam a humanidade da animalidade, mas nem sempre expressam o seu aperfeiçoamento.
Se o obstáculo à perfeição são as paixões humanas, também são o motor que desenvolve a consciência humana rumo àquela perfeição.
Em suma, as paixões humanas não são boas nem más.

POSTULADO 17: A não atenção ao princípio de cuidado, durante a vida terrena, aumenta a extensão das tribulações e dificuldades nas existências futuras, assim como a atenção ao princípio do cuidado reduz ou elimina tribulações e dificuldades.
Esse princípio será o limite para a felicidade ou para a infelicidade humana na terra e, também, a medida para o adiantamento ou para o retardamento do espírito.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

1 - ÉTICA ESPÍRITA COM RELAÇÃO A DEUS


POSTULADO 1: Deus é causa primária de todas as coisas.
Uma das possíveis conseqüências morais do postulado ético um: se Deus é suprema inteligência, causa primária de tudo, as teorias e as práticas humanas de dominação do mundo histórico e do mundo natural constituem equívocos civilizatórios.

A ação humana na terra é de desenvolvimento (diferenciação e aperfeiçoamento) para a perfeição moral e não de dominação do mundo.
A lei de desenvolvimento é ação de cuidado com toda a criação de Deus.
A diferenciação promovida pelo desenvolvimento significa renovação, restauração, reajustamento, refazimento, transformação, discernimento; o aperfeiçoamento pelo desenvolvimento significa aprimoramento, ascensão, evolução.


A formação e a transformação do mundo histórico, a relação desse mundo histórico-humano-social com o mundo natural, têm por fundamento o CUIDADO pelo qual os reinos da natureza (mineral, animal, vegetal, humano) se desenvolvem, ou seja, se diferenciam e se aperfeiçoam, segundo as leis imutáveis da Inteligência Suprema.


O direito convencional humano, imperfeito e mutável, justifica e legitima princípios de dominação e de propriedade; mas são princípios imperfeitos, convencionais e que deverão ser modificados para traduzirem o princípio divino de cuidado.
*
Alguns dos atributos de Deus, enumerados por Allan Kardec, têm conseqüências transformadoras do que pode ser nomeado de moral espírita, sobretudo se se considerar a convocação de Jesus para que homens e mulheres sejam perfeitos como perfeito é Deus : eternidade, imutabilidade, imaterialidade, unicidade, onipotência, justiça e bondade soberanas.
Por ser eterno, o plano universal incluindo-se o humano desconhece a convenção de tempo conhecida por passado, presente e futuro.
Por ser imutável, não se transforma segundo vontades, desejos e temores humanos.
Por ser único também é onipotente.
A soberana justiça e bondade são conseqüentes à sabedoria divina que jamais se equivoca ou falha através de suas leis imutáveis.


POSTULADO 2: Tudo o que não é obra do homem e da mulher é obra de Deus.
O mundo histórico, social e humano é obra do homem e da mulher em seu processo de formação e de transformação para a completude da obra divina; o mundo sem a humanidade é obra de Deus.
Mas o princípio inteligente do qual se formou a humanidade também é obra de Deus. O princípio de dominação segundo o qual a ação humana constrói-destrói-reconstrói o mundo histórico-social contraria o princípio de cuidado para com a obra divina, da qual fazemos parte como princípios inteligentes em desenvolvimento.


POSTULADO 3: A inteligência suprema da obra divina se revela nas combinações e desígnios imanentes às leis reguladoras do Universo.

Na obra humana, conquanto hajam combinações e desígnios inteligentes capazes de produzir coisas e instrumentos magníficos, tais coisas e instrumentos são sempre fruto de uma inteligência manipulatória; estão quase infinitamente distantes da razão divina e deverão se conformar às leis imutáveis da obra divina.


POSTULADO 4: O sentido humano para compreender Deus é um sentido divino que falta à pessoa humana.

Todas as formulações dos sentidos humanos em torno de Deus são meros equívocos de aproximação quase impossível; por isso, a Bíblia ensina que a razão divina é loucura para o mundo.
Quando a pessoa humana tornar-se pessoa divina verá e compreenderá Deus.
À razão humana basta saber que Deus existe, abandonando todos os sistemas culturais supostamente explicativos ou compreensivos da divindade.


POSTULADO 5: Do ponto de vista humano, a perfeição divina está traduzida em sua eternidade, infinitude, imutabilidade, unicidade, onipotência, justiça e bondade soberanas.

A eternidade significa sem começo e sem fim; a infinitude traduz a incapacidade humana de compreender Deus; a imutabilidade significa que Deus não se altera nem altera suas Leis segundo a vontade humana; a unicidade significa não haver quaisquer outras potências no Universo a não ser Deus; a justiça e a bondade soberanas são conseqüentes à sabedoria divina, inacessível às concepções humanas de justiça e bondade.
Nem Jesus de Nazaré permitiu que nele os apóstolos vissem a qualidade da bondade: ninguém é bom senão Deus, registra o evangelista Marcos (10:18).
Ao homem e à mulher cabem estudar a si mesmos e não a Deus pois que Ele é impenetrável.

SISTEMAS ÉTICOS PARTICULARES - 5

(Ritual Indígena)


f) Ética Indígena
A moral indígena, objeto de estudo da Ética Indígena, é una e eminentemente fundada numa Pedagogia cujos fundamentos educacionais alicerçam-se em três valores intransponíveis e inseparáveis: o valor da tradição, o valor da ação, o valor do exemplo. Os três valores podem significar, respectivamente, aprender a ser com os antepassados através dos mais velhos e, portanto, é uma moral gerontocrática; aprender a ser fazendo e, portanto, é uma moral práxica; aprender a ser testemunhando o comportamento individual e social e, portanto, é uma moral social.
Algumas normas e regras instituídas de formação e coesão sócio-político-comunitária da moral indígena também se sustentam nos seguintes fundamentos axiológicos:
- “vontade de beleza” e “vontade de perfeição”, ou seja, todo o fazimento de artefatos, pintura corporal, culinária e instrumentos utilitários é uma ação moral a ser realizada com a máxima perfeição para que através dela seja conhecida e reconhecida por qualquer outra pessoa a condição e a situação social, política, clânica, étnica, etária e sexual de quem confeccionou ou fez aquele instrumento, objeto, artefato, adorno ou pintura. Trata-se, pois, de moral estética, moral étnica, moral sócio-política, moral criativa;
[1]
- convivência e generosidade com todas as formas de vida – animal, vegetal, humana, particularmente nas relações sociais;[2]
- dignidade, lealdade e orgulho étnico e clânico;[3]
- respeito absoluto à terra;
- canto, dança e ginástica para formação do corpo sadio, forte e digno da etnia;
[4]
- instituição social do cunhadismo pelo qual um homem estranho é incorporado à comunidade mediante casamento com uma moça índia;19
- repúdio à escravidão;
- absoluto repúdio à mentira ou ao não cumprimento da palavra falada;20
- comunitarismo absoluto, sem qualquer possibilidade de estratificação social.19


g) FILOSOFIA PRÁTICA


Para Wilhelm Guillermo Dilthey Filosofia Prática ou Ética Social é o sistema fundamentado no estudo da formação histórica da consciência humana, dissolvente da ética idealista oferecedora de fórmulas para a vida, determinando os limites dos axiomas científicos ou filosóficos com pretensão de validade geral, esclarecendo a pretensão de saber eterno das ciências e, de igual modo, liberador do espírito (da pessoa histórica) do peso regulador extrínseco daquelas ciências e filosofias pretensamente universais.
A Filosofia Prática ou Ética Aplicada reconhece a determinação e o condicionamento do indivíduo aos sistemas culturais e aos sistemas de organização interna e externa da sociedade, junto com os quais e pelos quais aquele indivíduo se forma e se desenvolve: isso significa que o princípio da pedagogia e o princípio da educação formarão e promoverão a interconexão entre desenvolvimento pessoal-desenvolvimento social. O ponto de entrecruzamento para tal desenvolvimento é a formação profissional, cujos diferenciados tipos de profissão orientarão e absorverão os diferentes tipos psicológicos de cada indivíduo.[5]
A Filosofia Prática de Dilthey ou Ética Social, sustentada por ele século XIX, pode estar reproduzida, em partes ou totalmente, no campo geralmente conhecido como Ética Prática ou Ética Aplicada.

h) ÉTICA PÓS-MODERNA

É uma perspectiva possivelmente não ética da ética no sentido de indiferença, de rejeição, de descrédito absoluto e até de ódio de obrigações, deveres, mandamentos, modelos, ideais e valores morais.

i) ÉTICAS MULTICULTURAIS

O conceito de éticas multiculturais raz uma perspectiva locorregional, portanto sociológica, diferente do relativismo ético e busca limitar quaisquer pretensões da ciência ou das ciências, da ética ou das éticas, contrariando possíveis dogmas de fundamentalismos. No conceito de éticas multiculturais se busca conscientizar-se de que todos os conceitos, sistemas e paradigmas humanos são traços, fiapos, frestas não lineares de uma realidade historicamente determinada e não A verdade.

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[1] RIBEIRO D (Editor) Suma Etnológica Brasileira – Arte Índia – Volume 3. Petrópolis: vozes/Finep. 1986.
[2] RIBEIRO D O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil.2. ed. 18. reimpr. São Paulo: Companhia das Letras. 2001
[3] RIBEIRO D Confissões. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
[4] CATHARINO JM Trabalho Índio em terras da Vera ou santa cruz e do Brasil. Rio de Janeiro: Salamandra. 1995.
[5] DILTHEY WG Sistema da ética. São Paulo: Ícone. 1994

SISTEMAS ÉTICOS PARTICULARES - 4


(Escultura do deus grego Dioniso, Museu do Vaticano)


e) Ética Contemporânea
Dentre outros inúmeros e possíveis tipos de Ética Contemporânea podem destacar-se os seguintes.


e.1 - Ética existencialista


-de Sören Kierkegaard (1813-1855), pertencente ao nominado Humanismo existencialista cristão e considerado o pai do existencialismo e do humanismo cristão: não se pode entender a filosofia alemã do século dezenove sem estudar a obra de Kierkegaard. Entre suas várias obras estão O Conceito de Angústia e O Desespero Humano.
Kierkegaard é violento opositor de qualquer sistema e particularmente contra o universalismo abstrato e do racionalismo dialético de Hegel; para aquele, realidade é o homem existente, o homem singular perante Deus reconhecido este no próprio homem. Para o Filósofo da Angústia, “verdade é subjetividade” e o objeto deve a ela se adequar, Cristo é Paradoxo-Escândalo-Loucura e por isso não somos cristãos porque se o fôssemos o cristianismo não existiria.
[1]


-de Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831): na explicação da realidade abandona a lógica formal aristotélica e cria a lógica dialética.
Para Aristóteles o criador da Dialética ou arte de argumentar foi Zenão de Eléia, cujo movimento é o emprego de opiniões contrárias para provar a falsidade ou a probabilidade de ambas ou uma das opiniões estivesse certa e cria.
Para Hegel o criador da dialética é Heráclito de Éfeso cujo movimento é “a afirmação e a aceitação da luta e oposição dos contrários como a forma última da realidade, a afirmação de que a contradição entre os seres é o motor ou a mola do mundo como um devir ou fluo temporal incessante que faz surgir e desaparecer todas as coisas (materiais, imateriais, humanas, divinas)”.
[2]

A oposição criadora de Hegel substitui o princípio da identidade da lógica aristotélica, com os movimentos supostamente dialéticos de afirmação (tese), negação (antítese) e negação da negação (síntese) gerador do “devir”, do movimento, do vir-a-ser.
[3]


-de Max Stirner (1806-1856), o precursor do anarquismo moderno com os fundamentos do egoísmo integral, da negação absoluta de qualquer autoridade que possa assujeitar a pessoa, do homem concreto e da sua vontade com Único; seu pensamento pode ser nomeado como fundador da Escola do Individualismo niilista sem consideração pelos outros.


-de Jean Paul Sartre (1905-1980): segue o individualismo e o irracionalismo; Deus não existe; o homem é liberdade irresponsável, o fundamento sem fundamento, é existência que cria a sua essência; os outros devem ser considerados o inferno. Seu pensamento pode ser nomeado como fundador da Escola do Individualismo Radical Libertarista. Sartre classifica os existencialistas em cristãos e ateus.


-de Friedrich Nietzsche (1844-1900) para o qual realidade é explosão de potências desordenadas, cuja força não há nenhuma lei racional controladora. A atitude do homem frente a tais potências será a da fraqueza dos homens-rebanhos ou a da força e do poder dos homens-potência. A moral do homem-potência ou super-homem (homens supostamente aristocráticos) é o “triunfo da própria personalidade, além do bem e do mal desde que se afirme sobre os outros”.
[4]

e.2 - Ética Histórica ou historista

De Wilhelm Guillermo Dilthey (1833-1911), seguindo a sistematicidade e a continuidade do espírito alemão, eminentemente histórico e não servil às ideologias positivistas ou neopositivistas de rupturas arbitrárias com a história nunca passada dos povos em seu desenvolvimento.


e.3 - Ética Pragmatista

De Charles Sanders Pierce, de William James, de John Dewey, à moda do mundo anglo-saxônico.


e.4 - Ética Psicanalítica ou Ética Sexual

De Sigmund Freud, expressiva das grandes torturas sexuais porque se distinguem os povos europeus em geral.
e.5 - Ética Marxiana de Karl Marx, centrada em modos de produção econômica.


e.6 - Ética Neopositivista

_______________________________________
[1] NOGARE P D Humanismos e anti-humanismos. 10 ed. Petrópolis: Vozes. 1985.
[2] CHAUÍ M Introdução à história da Filosofia: dos pré-socráticos a Aristóteles. Volume 1. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras. 2003.
[3] ARANHA MLA; MARTINS MHP Filosofando: introdução à Filosofia. São Paulo: Moderna. 1986.
[4] MONDIN B Introdução à filosofia: problemas-sistemas-autores-obras. 11 ed. São Paulo: Paulus. 1981; p. 232

SISTEMAS ÉTICOS PARTICULARES - 3


c) Ética cristã medieval


A Ética Cristã tem por fundamento a moral e os mandamentos dados por Deus, o que significa sustentar-se no dever e obediência.


c.1 - Ética Religiosa


A Ética religiosa tem por virtudes supremas ou teologais a fé, a esperança e a caridade; assume as virtudes morais, fundamentais ou cardinais platônicas de prudência, fortaleza, temperança, justiça.


c.2 - Ética Cristã Filosófica


Os referenciais mais importantes são Aurélio Agostinho (354-430) e Tomás de Aquino (1226-1274).

d) Ética Moderna


d.1 - Ética Católica
A moral oficial da Igreja no período compreendido entre os Concílios Vaticano I (1870) e
Vaticano II (1965) se fundamentam:


d.1.1) na castidade ou virtude moral repressora de qualquer ato interior ou exterior dirigido a um prazer desordenado.
A castidade se divide em juvenil (a que se mantém por todos antes do casamento), a conjugal (aquela praticada por todos os cônjuges excluindo todo ato sexual ilícito e moderando o ato sexual lícito), da viuvez (abstinência sexual a ser mantida pelas pessoas viúvas), a virginal (exclusão de todo ato sexual).
O vício oposto à castidade é a luxúria, ou seja, prazeres e desejos voluptuosos e que se dividem em luxúria consumada e não consumada (atos completos e incompletos), natural e inatural (atos aptos à geração= fornicação ou atos não aptos à geração = polução), diretamente voluntária e indiretamente voluntária (de acordo com a participação ou não participação da vontade nos atos luxuriosos.
A luxúria natural, ou seja, atividade sexual possibilitadora da geração pode ser de seis espécies: fornicação (relação sexual entre homem e mulher solteiros com consentimento de ambos), adultério (união sexual entre pessoas de sexo diferentes, onde uma das duas é casada), incesto (relação sexual entre pessoas consangüíneas ou afins nos graus proibidos pelo matrimônio), estupro (violência a uma virgem ou violenta opressão a qualquer mulher para relação sexual), rapto (conduzir violentamente uma mulher de um lugar a outro para satisfazer à vontades de alguém), sacrilégio carnal (profanação por ato venéreo= sexual de pessoa consagrada a Deus, de objeto ou lugar sagrado).


d.1.2) na virgindade, ou seja, ausência de ardor da concupiscência presente para a consumação dos prazeres corporais ou prazeres venéreos.


d.1.3)no matrimônio.

d.2 - Ética Protestante

Sintagma criado e desenvolvido por Max Weber (1864-1920) para compreender o “espírito do capitalismo” possivelmente fundado na Ética do Protestantismo.


d.3 - Ética Antropocêntrica

Sucessora da sociedade feudal da idade média européia; a religião e a igreja católica perdem sua função de guiar o mundo; advento da Reforma Protestante; o homem é o centro da política, da ciência, da arte e da moral.

d.4 - Ética de Immanuel Kant (1724-1804)

Para Kant, no campo do conhecimento, é o objeto que gira ao redor do sujeito e não o sujeito que gira ao redor do objeto; no campo moral, o sujeito é legislador de si mesmo, ou seja, é ativo e criador da moral; comportamento moral só é possível a um sujeito livre e autônomo.

SISTEMAS ÉTICOS PARTICULARES - 2

(Estátua de David feita por Michelângelo, Basílica de São Giovanni -Roma)


Vários outros sistemas de ética podem ser enumerados e subdivididos, segundo determinadas Escolas de Pensamento e segundo os estudiosos, em diversos momentos históricos:


b) Ética grega


b.1 - Ética Sofística
A Ética Sofística tem por fundamento preparar o cidadão, a pessoa política para exercer o seu papel na polis (cidade-estado).


Os Sofistas são os criadores do pragmatismo e do humanismo (homem como centro ou medida de todas as cosias); da idéia de progresso e de evolução cultural mediante esforço humano ou trabalho; do domínio humano da natureza pela imitação, resultando na desdivinização da natureza; da concepção de necessidade como motor que desperta a inteligência e a vontade.
A Ética Sofística funda a Teoria Geral do Estado e da Sociedade como criações da vontade dos homens.
Duas concepções de Estado e Direito estão presentes na Ética Sofística, determinando a moral sofística: a primeira diz que Estado nasce de um contrato em que cada um garante o que lhe pertence; a segunda diz que o Estado é a expressão do domínio de uns sobre os outros, a lei da vontade do mais forte, resultante da luta pelo poder que dá origem à existência social.
Segundo a moral sofística a diferença natural entre os homens é a diferença entre fortes e débeis, vencedores e vencidos; a religião e a crença nos deuses é criação humana, inventada por homens de Estado para dominar os mais fracos.


b.2 - Ética Socrática

Tem por fundamentos a autonomia, a responsabilidade e a espontaneidade.


b.3 - Ética Aristotélica

Tanto quanto a Socrática, tem por fundamentos a autonomia, a responsabilidade e a espontaneidade.


b.4 - Ética Cínica
Da Escola de Filosofia Cínica, fundada por Antístenes para o qual a arte de viver é viver segundo o estado da natureza; o supremo bem é a independência interior, a liberdade, a ausência de toda necessidade, a insensibilidade ao prazer e à dor.
A Ética Cínica tem por fundamentos morais o repúdio a qualquer convenção, inclusive o sentimento de pudor e o repúdio à escravidão.


b.5 - Ética Epicurista
Da Escola de Filosofia Epicurista, fundada por Epicuro de Samos (341-270a.C) para o qual o entendimento e o conhecimento procedem unicamente dos sentidos.
Para a Ética Epicurista a arte e o gozo da vida está no prazer, basicamente corpóreo: este prazer significa busca da serenidade ou ausência de perturbação norteadora da conduta humana. O encontro da serenidade se dá pelo autodomínio e auto-suficiência; portanto, o
prazer epicurista não é satisfação imediata e transitória.
A Escola Epicurista tem por seguidor romano Tito Caio Lucrécio (98-55aC).


b.6 - Ética Estóica
Da Escola Estóica, fundada por Zenão de Cítio (336-264aC).
Estóico vem de stoa, o pórtico (sala policromada de colunas) aonde ensinava Zenão.
Os seguidores da Ética Estóica em Roma foram Marco Túlio Cícero (106-43aC), Sêneca (45aC – 65 dC), Epíteto (aproximadamente 50-130) e Marco Aurélio (121 – 180 dC).
Para os estóicos gregos não existe luta entre espírito e matéria porque só existe uma natureza: a essa doutrina de pensamento nomeia-se monismo.
A moral estóica ou heroísmo moral tem por fundamentos: resignação à realidade e às circunstâncias sem alteração com os acontecimentos existenciais; razão correta segundo a natureza; ordem para o trabalho bom; proibições para evitar o mal.

SISTEMAS ÉTICOS PARTICULARES - 1


Vários pensadores e filósofos, em diversas áreas do conhecimento, criaram sistemas de ética, uns e outros influenciando mais ou menos filosofias, ciências, religiões e profissões.


a) Sistema de ética utilitarista

O sistema de Ética Utilitarista é o sistema de direito, moral e religião naturais cujos representantes clássicos são: John Locke (1632-1704), filósofo político e crítico da doutrina cartesiana das idéias inatas, é um dos representantes do empirismo inglês; Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716), filósofo político reacionário ao dualismo cartesiano e ao empirismo inglês; Jean Jacques Rousseau (1712-1778), considerado o expoente máximo do ilustricismo francês, escreveu sobre história, música, pedagogia, política, metafísica, religião; Immanuel Kant (1724-1804), filósofo, matemático e teólogo é o criador da Filosofia Crítica e fundador de um sistema ético centrado em um único princípio supremo a que chamou de Imperativo Categórico, ou seja, um metaprincípio ou princípio supremo da moral e da moralidade, estabelecido a priori (anterior à experiência dos sentidos) e do qual derivam todos os demais princípios e obrigações ou deveres humanos; e Gotthold Lessing (1728-1781), crítico, dramaturgo e filósofo, é considerado o expoente máximo do iluminismo alemão e sua principal obra é A educação do gênero por meio da revelação divina.

O sistema de ética utilitarista posteriormente é implantado na Inglaterra com Jeremias Bentham e John Stuart Mill, o divulgador da Filosofia e da Religião Positivista de Augusto Comte no mundo inglês.


Os conceitos centrais da ética utilitarista, tidos como forças ou formas sociais da “máquina da sociedade”, são o autodesenvolvimento, trabalho, propriedade, associação ou corporativismo, matrimônio.


O QUE É ÉTICA

E o que é Ética? Diante de tal pergunta há apenas disssensos conceituais.

A palavra ética tem duas origens etimológicas: do substantivo latino ethica significando parte da filosofia que estuda a moral; e do adjetivo grego ēthikós e do feminino singular ēthike significando ético, relativo à moral; ēthicá significando tratado sobre a moral, ética.


Conexo ao prefixo grego êthos significando modo de ser, caráter, índole, temperamento; ethos significando hábito, costume.
[1]

Das origens latina e grega da palavra tem-se pelo menos quatro Escolas de Pensamento com concepções diferentes de Ética:


a) Ética é a ciência da moral; portanto, não normativa, não prescritiva, não valorativa; é teoria da moral.
Nessa concepção, ética é a teoria ou ciência do comportamento moral do homem e da mulher em sociedade, ciência da moral cujo objeto de estudo é o mundo moral;
[2] “parte da filosofia responsável pela investigação dos princípios que motivam, distorcem, disciplinam ou orientam o comportamento humano, refletindo especialmente a respeito da essência das normas, valores, prescrições e exortações presentes em qualquer realidade social”.[3]

b) Ética e moral são sinônimos. Nessa concepção Ética prescreve, normatiza, dita regras de conduta, julga.


c) Ética como arte de viver ou estética da existência, a conduta original do indivíduo. A defesa conceitual dessa concepção é mais conhecida na obra de Michel Foucault aonde ética não é ciência da moral nem sinônimo de moral, mas é o governo de si, a organização de si apoiada na sensibilidade (na Estética) e desenvolvida mediante capacidade continuamente renovada de julgar, de diferenciar e modificar as teias de poder. Entretanto, o sistema filosófico do terceiro conde de Shaftesbury (1671-1713) funde Ética e Estética, ou seja, Ética é Estética da existência.


d) Ética ou Filosofia moral.


Não raro, estudiosos e profissões misturam as concepções a ponto de os Códigos de Deontologia se chamarem erroneamente de "Código de Ética"; sem aprofundar a linha de pensamento de Shaftesbury retomada por Michel Foucault e sem sistemática inclusão do estudo da Estética, subárea da Filosofia, não estará longe a proposta de substituir o nome daquele Código para Código de Estética.


Outras concepções correntes dizem que Ética é reflexão filosófica sobre moralidade; ciência da práxis ou antropologia filosófica da práxis e, como tal, uma ciência deontológica; ciência do comportamento humano.


No universo humano das convenções e dos verbalismos, nenhum dos vários e particulares sistemas éticos existentes do mundo conseguiu, ainda, formar uma civilização cristã – se é que conseguiu formar uma civilização.

_________________________________________
[1] CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 12. ed. São Paulo: Ática. 2002.
[2] VÁSQUEZ, Adolfo Sanchez. Ética. 11 ed. São Paulo:Civilização Brasileira. 1989
[3] HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva. 2000; p. 1271.

ÉTICA SEGUNDO O ESPIRITISMO

Pela expressão “Ética segundo o Espiritismo” compreende-se ética de acordo com a Doutrina Espírita expressa em “O Livro dos Espíritos” de Allan Kardec –pseudônimo do professor, pesquisador e discípulo de Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827),Hippolyte Léon Denizard Rivail (1804-1869).

Seguindo o ensino espírita, sistematizado por Allan Kardec, O Livro dos Espíritos contém a Doutrina Espírita e, portanto, é obra de especialidade espírita: de Filosofia Espírita em particular e de Filosofia Espiritualista em geral.


A Ética Espírita ou a Ética Segundo o Espiritismo funda-se na Ética da Filosofia Espírita, contida em O Livro dos Espíritos e não na tradição da Ética Filosófica nem nas Éticas Teológicas do mundo.


Ética Espírita é uma rede de postulados gerais e não prescritivos, não fundamentalistas mas fundamentais, capaz de ser instrumento para análise e crítica das Éticas Filosóficas e das Teológicas existentes.
Teoricamente, a Ética Espírita norteia a composição da Moral Espírita –uma moral que não segue pari passu as morais historicamente determinadas. E isto porque a Moral Espírita funda-se nos ensinos de Jesus de Nazaré, cognominado o Cristo de Deus; é uma moral cristã exposta na obra de Allan Kardec intitulada O Evangelho Segundo o Espiritismo. Nesse sentido, o sintagma mais adequado será Moralidade Espírita.


A Ética Espírita e a Moralidade Espírita rejeitam os malabarismos das doutrinas humanas ocultantes ou distorcivas da Ética e da Moralidade cristãs; costumeiramente, tais malabarismos criam e promovem modos de manter a ignorância, de premiar os orgulhosos e proteger as personalidades hipócritas, conforme se pode ser em O Evangelho Segundo o Espiritismo: o objetivo da Ética e da Moralidade Espíritas é instrumentalizar a pessoa humana para que possa julgar e apreciar, com a razão iluminada pela fé, o mundo dos espíritos e o mundo humano, fundados na Lei de Deus. Essa clareza sem equívocos do Ensino Espírita não exime o estudo, o julgamento e a apreciação das doutrinas éticas humanas uma vez todas as almas (espíritos encarnados) são responsáveis pelo desenvolvimento (diferenciação e aperfeiçoamento) da condição e da situação de vida na Terra.

A intelectualidade do mundo tem dois modos de divisão da Ética enquanto microcampo filosófico: Ética Fundamental e Ética Prática ou Aplicada.


A Ética Fundamental se divide em Éticas Teleológicas (fundadas no princípio do fim último) e Éticas Deontológicas (fundadas no princípio do dever); na Ética Aplicada estão as áreas ou microáreas da Ecoética, Bioética, Ética Econômica, Éticas Profissionais.


Outro modo didático de divisão, diferente da Ética Fundamental e da Ética Aplicada estabelece os microcampos epistêmicos: da Metaética ou reflexão filosófica sobre os fundamentos da Ética; da Ética Normativa estabelecedora de critério ou critérios distintivos do bom, mau, correto, incorreto; e da Ética Aplicada.


Dentro de qualquer uma das divisões para estudo das concepções filosóficas de Ética, existem inúmeros sistemas éticos particulares, decorrentes da concepção de mundo dos seus criadores e servindo cada um deles de modelos ou paradigmas para o mundo, em momentos históricos variáveis.


A Ética Espírita poderá ser incluída no campo da Ética Fundamental e, dentro deste, no microcampo das Éticas Teleológicas; mais particularmente, também poderá integrar-se ao campo das Éticas Teológicas. Ou, de outro modo, constituir-se em campo independente qual a Ética Cristã não confundível com a Ética Católica nem com a Ética Protestante.